
A história toda começou no sábado passado. Aniversário da minha amiga grega, a Mariangela. Demos para ela um CD do Seu Jorge. Quando ela abriu o embrulho, gritou: "I don't belieeeeeve! Is it the one we've heard in Guanabara?? The "Carolina" song?!?!" E deu saltos e mais saltos de felicidade.
Pois hoje ela acabou me convencendo a irmos ao show dele no Royal Festival Hall. Em cima da hora, decidimos chegar lá e ver se ainda havia ingresso.
O "Séu Xorxe", como ela diz, está em todo lugar por aqui. É a capa desse mês da
Jungle Drums, a revista moderninha da comunidade brasileira, e todos que gostam de filme latino falam dele se referindo ao "Cidadx dx Déus", fazendo questão de não falar "City of God". Na Virgin e na HMV a capa do seu disco novo vem anunciando a participação dele no "The Life Aquatic with Steve Zissou".
E o show foi maravilhoso! A Mariangela se encantou com a cuíca e já me perguntou se eu acho que seria muito difícil aprender. Cantamos juntas "Carol, carol, carol, carol" às gargalhadas.
A platéia, com o melhor e o pior da empolgação brasileira. Supercalorosa. Mas escandalosa demais. Na hora que ele começou a falar sobre o show (em inglês), muitos gritavam "em português!!". Seu Jorge, educadamente, mandou: "Pô, galera, vocês já são daqui. Vocês falam inglês. E tem uma rapaziada aqui que não fala português. Tô aqui pra representar o Brasil. Pra defender vocês".
No fim do show, ao som da cuíca que parecia uma pessoa chorando, ele cantou
"Eu sou favela". Como uma parte improvisada da música, arrematou em inglês: "Muito do que vocês lêem por aqui não é verdade. Noventa por cento das pessoas que vivem na favela são honestas e vivem uma vida dura".
O bis foi com o sambão dos sambões "É Hoje": "A minha alegria atravessou o mar / E ancorou na passarela / No maior show da terra / Será que eu serei o dono dessa festa / No meio de uma gente tão modesta". Quase desmaiei! :)
Quando a gente pensava que tudo já tinha acabado, um grupo de maracatu saiu do Royal Festival Hall e cruzou a Waterloo Bridge até a outra margem do rio, de onde saiu um barco com uma festa onde Seu Jorge parece que iria dar uma de DJ. A multidão de brasileiros e não-brasileiros extremamente empolgados acabou fechando a metade de uma das pistas e os carros e ônibus passavam buzinando. Todos os motoristas morrendo de rir. Alguns passageiros dos tradicionais ônibus de dois andares davam tchauzinho.
Nós, caminhando na frente, só dizíamos: "Meu Deus! Isso é impressionante". Carnaval em Londres, sobre o Tâmisa. Com a London Eye de um lado, o Big Ben em frente e a Saint Paul's Cathedral do outro. E todo mundo de bom humor. A vontade era de ligar para todo mundo e falar: "Ouve isso aqui!"